Com a necessidade de organizar o tempo, de registrar a evolução, de celebrar em datas fixas etc. foram estabelecidos calendários, sendo o
calendário cristão ou gregoriano, que coincidem com o calendário solar, composto por 365 dias, o mais utilizado no mundo, registrando, principalmente, o que chamamos de ano civil.
A data de 1° de janeiro tornou-se global, mesmo em países com suas próprias celebrações em outros dias, para se comemorar o ano novo e traz
consigo a oportunidade de renovação da esperança no futuro.
O ano novo nos remete a um tempo de reflexão sobre o passado e acerca das perspectivas do futuro.
Mas, sopesando as notícias veiculadas pela mídia creio ser plausível afirmar que, alegoricamente, a humanidade está numa encruzilhada. Em
todos os aspectos, a banalização da violência física e moral domina parte do dia a dia. A oferta de prazeres e possibilidades de mascarar dores ou a maioria dos problemas nunca foi tão grande.
Numa demonstração de egoísmo e materialismo o indivíduo remete-se a si mesmo e, aparentemente, só daí é que encontra uma solução
para sua situação.
Utilizando-se de justificativas éticas são praticadas atitudes antiéticas, a ponto da ética e da estética estarem sendo determinadas pelos indivíduos e não pelo conjunto da comunidade.
A impressão que tenho é que, apesar do magnífico avanço científico e tecnológico vivenciado pela humanidade, as condições macrossociais
- a cultura a qual vivemos - são intransponíveis, provocando frustração e uma vaga sensação de solidão e impotência.
É como se cada pessoa estivesse remetida unicamente a si mesma. Esse sentimento me faz lembrar da lenda de Fausto, que surgiu na Idade Média e posteriormente foi imortalizada pelo filósofo e romancista alemão Goethe, cujas bases estão fundamentadas num pacto firmado
no sentido de se encontrar uma forma de viver com os prazeres em todos seus aspectos sem o compromisso de assumir as consequências.
Ou seja, a lenda estabelece uma convivência entre os valores éticos e antiéticos simultaneamente, assim como temos verificado em muitas situações atualmente quando, atitudes antiéticas que buscam justificativas na própria ética.
Num sentido figurado, em todos os seguimentos da sociedade, lamentavelmente, temos convivido com notícias de muitos faustos que entregam suas almas por momentos efêmeros de prazer material, esquecendo-se das consequências futuras.
Isso cria uma atmosfera de incompatibilidade entre o ideal e o real que impõe aos homens de bem a necessidade da prontidão e competência perante os desafios que se apresentam no cotidiano.
Numa interpretação livre, é possível traçar uma relação entre a lenda de fausto e o desafio de cada um em buscar constantemente o progresso espiritual a partir do seu modo de viver, porque somos chamados à responsabilidade individual que conduz ao despertar da luz interior de
cada pessoa.
Adquirir consciência e conhecimentos implica em maiores responsabilidades. Mas, isso também potencializa a certeza do caminho a ser
trilhado na busca da Verdade que leva ao progresso. O caminho da ética contempla o comprometimento pelo trilhar na estrada da integridade e honestidade para consigo mesmo e para com os outros, bem como exige reflexão acerca entre os valores impostos e os verdadeiros.
Enfim, exige renúncia das conquistas fáceis.
Toda pessoa tem o direito de escolher o caminho que quer trilhar e, por essa opção, arcará com as consequências de sua decisão conforme
regula a lei divina de causa e efeito.
Como a escolha é livre, cada um é responsável por seu processo evolutivo, pois a colheita será obrigatória.
Orai e vigiar é o alerta!
Orai, para que os princípios universais e basilares trazidos e exemplificados por Jesus sejam sempre lembrados, e Vigiai, quando demandados
a prática dos atos do cotidiano tentando corrigir as próprias imperfeições e apurar as qualidades. Ao iniciarmos um novo ano, façamos nossas reflexões!
*Governador 2006/2007 do Distrito 4430 de Rotary International.