De que vale construir prédios enormes, com altares suntuosos, escadas de mármores, vitrais de cristais, se nos corações das pessoas, que por seus atos e atitudes devem louvar e dar vida aos ensinamentos deixados pelo Mestre Jesus, não estiver edificado o verdadeiro templo de Deus? “Acaso não sabeis que o corpo de vocês é o templo do Espírito Santo, que habita em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não são de si mesmos, pois foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o corpo de vocês.” (1 Coríntios 6:19-20).
Jesus, modelo de perfeição moral que a humanidade pode aspirar neste planeta, exemplificou a caridade. Viveu entre os humildes, sem qualquer ostentação, porque sabia que Seu reino não é deste mundo, onde tudo é temporário.
Além disso, quando enviou os apóstolos para divulgarem a boa nova os instruiu para não levarem dinheiro, nem sacos com mudas de roupa e calçados, nem sequer um bordão, porque receberiam o necessário para viver, e, ainda recomendou que quando quiserem conversar com Deus não o fizessem “como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes." (Mateus- 6:5-8).
Isso, certamente porque, conforme Paulo - Coríntios 3:16-17 -, “o templo de Deus, que é santo, habita dentro de vós”. Aliás, nesse mesmo sentido, em Atos 17.24-25, Paulo também disse que “Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens. Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois Ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas.”.
Numa perspectiva antropológica, teologia e científica, pela neuroteologia, a teoria da unidade tripartite da natureza humana - corpo, alma e espírito – ganha relevância e nos remete ao pensamento que diz que “o corpo é terra e à terra voltará; a alma é a nossa mente, as emoções, nossa vontade e pode se elevar ou cair; enquanto o espírito, o sopro divino, é indestrutível e eterno”.
Essa constatação, que transcende as religiões, enquanto sistemas organizados com prática e rituais que unem pessoas em torno do sagrado, e são muito mais do que meras metáforas, demonstra que a espiritualidade está na transformação do corpo, da alma e do espírito, convertidos em um único ato de duração da vida. E isso, consequentemente, nos convida para refletirmos sobre nossas atitudes, levando em conta que nosso corpo é um templo, onde o divino e o material se encontram.
É assim que, consoante Eclesiastes 12:6-7, “antes que rompa o cordão de prata, e se quebre o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se quebre a roda junto ao poço, e o pó volte à terra, como era, e o espírito a Deus, que o deu”, é de se preparar para o inexorável tempo em que a matéria perecerá e o espírito sobreviverá, desenvolvendo nossa moral a ponto de podermos ser como faróis permanentemente acessos para iluminar o nosso caminho e também daqueles que nos cercam.
Afinal, porque é dentro de cada pessoa que se lapida o ego, se assenta a humilde, o amor, a justiça e a bondade, bem como se erguem colunas à sabedoria, e o maior templo que alguém pode construir não é feito de pedra, mas de virtudes, sobretudo porque: quem busca reformar o mundo antes deve aprender a reconstruir a si próprio.
Paulo Eduardo de Barros Fonseca
Comentários: