A ciência tem desenvolvido pesquisas científicas buscando estudar e compreender a relação entre o cérebro e a mente, além de dimensionar o que ocorre com os padrões de atividades no cérebro de uma pessoa que participa de atividades relacionadas à fé, com experiências religiosas e espirituais. Esse ramo emergente da ciência é chamado de neuroteologia, neurociência da religião ou neurociência espiritual.
Essa disciplina viabiliza o estudo científico dos processos e eventos neurais de crenças, experiências e práticas religiosas ou espirituais, ajudando no desenvolvimento de um espaço de pluralidade e tolerância. As chamadas experiências espirituais são estimuladas, dentre outros, pela oração, técnicas de concentração, meditação, experiências quase morte e exercícios respiratórios.
Estudos de imagens do cérebro, com modernos aparelhos de neuroimagem, sugerem um ponto em comum e que isso reflete a estrutura e processos do cérebro humano apontando que sentimentos religiosos estão relacionados com lugares específicos do cérebro, tais como: lobo occipital, temporal e frontal.
Em recente palestra proferida na Academia Cristã de Letras – ACL, o professor doutor Raul Marinho Junior afirmou que “Nosso intelecto, nossa memória, nossa afetividade, nosso aprendizado, nossos sentimentos, nossas motivações religiosas, nosso estado de espírito e o mundo de nossas emoções podem estar associados a eventos observáveis, como parte de nossa função cerebral normal, inclusive estudos chamados espirituais – são hoje estudados pela neuroteologia, sendo biologicamente observáveis, cientificamente reais e intimamente ligados com a biologia humana.”
Enfim, tais estudos científicos apontam que a busca da compreensão dos processos associados aos estados da religiosidade e espiritualidade pode fornecer ferramentas extras para tratar condições como o déficit de atenção quando a religiosidade e a espiritualidade pela neurociência são cruciais para a compreensão do cérebro humano e, como consequência, da vida humana.
Isso porque, ao explorar a relação entre o cérebro e a mente espiritual – na busca da integração entre o conhecimento técnico e uma abordagem espiritual para a saúde e o bem-estar – a neuroteologia cria uma ponte entre neurociência e espiritualidade que busca compreender a conexão entre corpo, mente e espírito, e pode reconciliar diferentes visões do mundo.
Sendo assim, creio que seja plausível afirmar, que ao tratar a dicotomia da natureza humana – corpo, alma e espírito –, já estudada pelos grandes e ilustres pensadores da humanidade e algumas religiões, ganha relevância com a neuroteologia.
Sem prejuízo disso, é oportuno lembrar que outras pesquisas acadêmicas mostram que os seres humanos carregam um gene – VMAT2 – que lida com a predisposição para episódios ditos como espirituais, propondo a existência do “gene divino”, ou seja, que contém uma “assinatura” divina.
Fato é que, num contexto de pluralidade, respeito e tolerância, ao integrar a religião, com a fé, a ciência reforça o que João Paulo II salientou no início da encíclica Fides et Ratio quando disse que: “A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade.”
Afinal, Albert Einstein já enfatizava: “A ciência sem religião é manca e a religião sem ciência é cega”, e que, por meio dela, encontraríamos uma voz Deus, o qual é amor.”
Governador 2006/2007 do Distrito 4430 de Rotary International.
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