Todo jovem estudante do ensino médio, às portas do vestibular, estuda, entende ou decora os ciclos biogeoquímicos nas aulas de ecologia. Somos formados, nós e todos os seres vivos que habitam o planeta, de alguns poucos átomos que combinados entre si formam todas as estruturas conhecidas de nossos organismos. Somos, como sabem os fãs da série Jornada nas Estrelas, Unidades Carbono não à toa, mas porque os átomos representam uma importante parcela de nossas estruturas. Somos igualmente compostos por hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e, em quantidades significativamente menores, fósforo e enxofre.
CHONPS, eis a fórmula da vida. Os jovens estudantes, aqueles aos quais me referi no parágrafo anterior, sabem que esses átomos passam uma parcela do tempo dentro de animais, plantas e fungos. Sabem também que após a morte desses seres essas minúsculas partículas irão retornar para o meio não vivo em sua forma inorgânica. Assim, aquele carbono que está no aminoácido no músculo da perna de um rato, irá tornar-se dióxido de carbono atmosférico após o perecimento do roedor. E depois? Depois o CO2 irá ser absorvido por um vegetal durante a fotossíntese e será incorporado a um grão de milho, por exemplo. Ao comer o milho o carbono será anexado ao músculo da coxa de uma galinha que será comida por você que irá usar o carbono para construir seus músculos extensores ao treinar musculação. Quando você abandonar os treinos e passar a usar a bicicleta ergométrica como cabide, perderá a popular massa magra de que tanto se fala e o carbono será expirado na forma de CO2 retornando para a atmosfera neste ciclo sem fim.
Tudo conhecido, estudado, aprendido ou decorado para depois ser esquecido. Porém a importância de entender esses conceitos transcende o torturante momento da seleção para as vagas na faculdade. Seres humanos também fazem parte da natureza e, como todos os demais seres vivos, irão morrer e serão decompostos em átomos que irão compor moléculas inorgânicas que serão absorvidas por plantas que serão comidas por animais que irão morrer e devolver seus átomos para a atmosfera.
Somos, portanto, infinitos! Somos eternos fisicamente na Terra, seremos plantas, seremos o perfume das flores, seremos a cor da pena do pássaro que vem se alimentar das frutas deixadas na janela.
Mas nossa eternidade não é apenas física. Somos lembrança. Viveremos para sempre naquela música, naquela viagem, naquele por do sol, naquele dia de chuva que nos deixou encharcados. No riso e no choro daqueles que amamos e nos amaram em retribuição.
Seremos lembrança nas mentes e nos corações. Seremos a causa de um sorriso perdido no futuro distante quando um momento trouxer de volta nossa presença.
* Bióloga e Escritora
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