Na manhã de segunda-feira, dia 4 de agosto, o comandante do 5º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, tenente-coronel Cláudio Teixeira Alves esteve em visita à redação do jornal Semanário da Zona Norte e foi recebido pelo diretor responsável, João Carlos Dias. Ambos trataram de diversos assuntos, entre eles, como o Comando do 5º BPM/M vem trabalhando na integração com a comunidade local e outras instituições para ser mais eficiente em ações de policiamento e promover a sensação de segurança, e, também as prioridades e principais objetivos estabelecidos para os próximos meses/anos. Confira a seguir a entrevista concedida pelo tenente-coronel Teixeira ao Semanário.

JSZN: Considerando os desafios atuais da segurança pública na área de atuação do 5º BPM, quais são as principais estratégias que o batalhão tem implementado para reduzir os índices de criminalidade, especialmente em relação a roubos e furtos?

Ten.-cel. PM Teixeira: Para alcançar as expectativas do comando da PM e da comunidade, o 5º Batalhão definiu algumas estratégias que conduzem ao objetivo de proporcionar segurança e sensação de segurança a população da Zona Norte. São elas :

1. Combate ao crime organizado: por meio de estratégias que unem inteligência policial, policiais com melhores equipamentos e treinamento e flexibilidade de ação, estamos quase todos os dias realizando a prisão de traficantes, a apreensão de grandes volumes de drogas, retomando terrenos com tentativa de domínio e eventos patrocinados por organizações criminosas, prendendo seus líderes e desarticulando suas atividades econômicas.
2. Aproximação com as comunidades locais: pela abertura de canais de comunicação, pela participação em serviços sociais organizados e no networking dos comandantes, estamos buscando a legitimidade de ação e coleta de demandas e expectativas da comunidade atendida.
3. Atuação nos indicadores criminais: com base na análise dos indicadores criminais, tais como locais de acontecimento, horários, características dos crimes, etc estamos direcionando métodos diferentes de policiamento, com programas de policiamento e operações, incluindo a integração com outros órgãos públicos como a prefeitura, a CET, o PSIU e o Ministério Público
4. Guerra informacional: buscamos engajamento em redes sociais com objetivo de transmitir à sociedade o trabalho realizado pelo 5º Batalhão, nossos sucessos e o quanto o cidadão da Zona Norte tem uma polícia de qualidade que o permite ter tranquilidade para andar na rua, estar na sua casa, etc. O crime se vale das informações para desestabilizar a sociedade e descredibilizar a polícia, fazendo que a comunidade se volte contra sua própria polícia que tenta o proteger. Precisamos fazer frente a essa guerra informacional.
5. Infraestrutura e equipamentos: por meio de apoio da sociedade privada, buscando, também, incentivos políticos advindos de parlamentares, outros órgãos, etc buscamos investimentos que melhores as instalações do batalhão, de suas companhias e bases. Entendemos que a qualidade do serviço policial esta condicionada ao contínuo treinamento, a qualidade de vida do policial militar e sua satisfação em atuar na sua profissão e na motivação por resultado, em objetivos claros proposto pelo comando. Assim, precisamos oferecer equipamentos, salas de aula, locais de treinamento físico, defesa pessoal policial, direção defensiva policial, procedimentos operacionais, etc, bem como condições confortáveis de vestiários, alojamentos, banheiros, refeitórios, etc.
6. Treinamento constante: o conceito que a qualidade do serviço está na capacitação. Fazemos aquilo que treinamos. Então, o batalhão está implementando uma série de treinamentos, que estão estruturados no conceito de Competências, que demandam para a execução de uma tarefa o conhecimento (teórico) - saber fazer, a habilidade (prática) – fazer e a atitude (comportamental) – querer fazer. Vamos trabalhar nossos policiais nestas três vertentes, em treinamentos diferentes para cada um deles.

JSZN: Como o 5º BPM tem trabalhado na integração com a comunidade local e outras instituições (como a Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Civil) para otimizar as ações de policiamento e promover a sensação de segurança?

Ten.-cel. PM Teixeira: Nos relacionamentos institucionais realizados por meio de organizações sociais como a Associação Comercial, o Sesc, Associação Paulista de Supermercados, a Fundação Center Norte, entre outros. Também pelos meios oficiais como os Consegs e interações com a comunidade no Programa Vizinhança Solidária. Mas, claro, a política de portas abertas, onde qualquer pessoa pode e deve acessar as instalações e ter contato com as autoridades, participando suas demandas, anseios e, até mesmo, seus elogios. Agora, o relacionamento institucional com outros órgãos, nossa política é colaborativa. Entendemos que sozinhos resolvemos muito pouco, mas em ações multiagências a efetividade é muito grande. Então, para poder participar e realizar as ações em conjunto, temos nos colocado a disposição de todos os outros órgãos, como a subprefeitura, a GCM, o MP e a PC e estamos, em todos, sendo muito bem recebidos e algumas ações já estão sendo realizadas, como a zeladoria urbana realizada na Av. Cruzeiro do Sul.

JSZN: Qual a importância da tecnologia (câmeras de monitoramento, sistemas de inteligência, etc.) no planejamento e execução das operações do batalhão, e quais avanços o senhor vislumbra nessa área para o futuro?

Ten.-cel. PM Teixeira: A população mundial avança em progressão geométrica. Tínhamos uma antiga métrica de trabalho que era a quantidade de policiais por habitante. Essa proporção não consegue mais ser alcançada. Assim, não teremos mais a quantidade de pessoas para trabalhar na polícia que nos permita usar os métodos tradicionais. Por este motivo, precisamos suprir essa lacuna com tecnologia. Um sistema de câmeras pode produzir a vigilância de um bairro inteiro por apenas dois policiais. Veja modelos como a Praia Grande que tem toda a sua orla monitorada por câmeras operadas por uma central que, ao identificar uma atitude suspeita, aciona a viatura que está mais próxima disponível. Inclusive, trabalhando, também, multiagências, com a integração com a GCM.

Sistemas como o Muralha Paulista e o SmartSampa tem elevado de forma significativa a eficácia judicial, com a captura de foragidos da justiça num nível muito superior ao anterior. Os radares com OCR permitem a leitura de placas de veículos e, em consulta às bases de dados, identificar veículos produto de crime e alertar todas as viaturas da região. Assim, a tecnologia vai facilitando o trabalho policial e permitindo entregar o mesmo nível de segurança, com um efetivo policial cada vez mais defasado. Claro, sem falar nos sistemas inteligentes de análise, que fazem levantamento criminais e permitem a realização de um policiamento direcionado aos efetivos problemas, com maior eficácia.

JSZN: A capacitação e o bem-estar dos policiais militares são fundamentais. Que iniciativas o 5º BPM tem desenvolvido para aprimorar o treinamento da tropa e garantir o apoio psicológico e social necessário aos seus membros?

Ten.-cel. PM Teixeira: Entendemos que o trinômio: qualidade de vida, motivação e treinamento são os indutores da qualidade do serviço prestado pelo policial militar. Se alinhado com as estratégias do comando, iniciamos um processo sinérgico e vai entregar a melhor segurança possível aos nossos moradores e frequentadores da Zona Norte Em relação a saúde mental, essa é uma preocupação não só do batalhão, mas da PMESP como um todo, a partir do conhecimento da carga estressante que nossos profissionais se submetem todos os dias, tendo contato direto com a pior face do ser humano, situação que pode se manifestar em diagnósticos psicológicos ou mesmo em comportamentos indesejados. Para tanto o Sistema de Saúde Mental da PMESP, com atendimento gratuito e 24 horas de psicólogos e terapeutas esta a disposição, além da orientação aos Oficiais que observem o comportamento de seus policiais e, evidenciando alguma anormalidade, indicar a procura por um profissional da saúde mental disponível. Todo o envolvimento do policial em ocorrências graves gera, automaticamente, a necessidade de uma avaliação psicológica que vai determinar o impacto que a ocorrência teve na saúde mental do policial, podendo, inclusive, contra indicá-lo para retornar ao serviço operacional.

JSZN: Em relação ao policiamento comunitário, quais são os projetos ou ações que o 5º BPM considera mais eficazes para fortalecer a relação de confiança entre a polícia e os moradores da região?

Ten.-cel. PM Teixeira:  O contato permanente com as forças vivas da sociedade, seja por meio de entidades representativas, órgãos de classe, sociedade organizada ou mesmo programas implementados pela PMESP, como o PVS. Isso tudo aliado à política de portas abertas é dá legitimidade a ação policial e nos permite captar os anseios, as expectativas e as demandas dos nossos moradores e frequentadores dos bairros atendidos.

JSZN: Como o batalhão tem lidado com os desafios específicos de segurança em grandes eventos ou áreas de grande circulação de pessoas dentro de sua jurisdição?

Ten.-cel. PM Teixeira: Na verdade, o nosso maior problema nem são os grandes eventos, os quais outras unidades da PMESP devem ser bem mais impactadas. Nosso grande desafio atual é a integração com outros órgãos permitindo uma zeladoria urbana e a transformação dos espaços públicos com base na salubridade, na tranquilidade e da segurança. Entendemos que o ambiente opera a favor ou contra o crime. Ambientes degradados favorecem a atividade criminal. Precisamos unir forças para melhoria dos espaços públicos, de forma que o ambiente inviabilize ou pelo menos dificulte a ação criminosa. Sabemos que a prefeitura atende inúmeras demandas e sua capacidade operativa é limitada, e por isso este é nosso grande desafio.

JSZN: Qual o impacto da legislação atual e das decisões judiciais no dia a dia da atuação do 5º BPM e como o batalhão se adapta a essas mudanças?

Ten.-cel. PM Teixeira: A dureza da atuação contra o crime, realizado por todo o ciclo de persecução criminal, que envolve a PM a Polícia Civil, o Ministério Público, o Poder Judiciário e o sistema penitenciário é o que torna o crime inviável economicamente. Caso não haja esta dureza pretendida, o crime torna-se compensador. Por tanto, quando verificamos um aumento da reincidência criminal, quando prendemos por diversas vezes a mesma pessoa no cometimento de crimes, percebemos que no julgamento do criminoso, em sendo solto, cometer o crime novamente é vantajoso. Porém, entendemos que esta análise não pode interferir na atuação do 5º Batalhão que, independente do nível de dureza penal, continuamos identificando e prendendo os criminosos, mesmo que por diversas vezes o mesmo criminoso.

JSZN: Olhando para o futuro, quais são as maiores prioridades e os principais objetivos que o senhor estabeleceu para o 5º Batalhão de Polícia Militar nos próximos meses/anos?

Ten.-cel. PM Teixeira: Desejamos ampliar a aproximação com a comunidade atendida, fazendo parte do contexto do dia a dia do cidadão. Que sejamos vistos como protagonistas da solução e não como parte do problema. Queremos deixar nossos indicadores criminais nos menores patamares possível, de forma estável, e que esse crime mínimo seja percebido pela população, sentindo-se segura. Por fim, queremos que a criminalidade organizada que opera ou pretende operar em nossa área sinta-se completamente desestimulada e que as relações sociais ocorram sob os parâmetros da lei e da civilidade.

JSZN: Qual a importância das mídias regionais e em especial do jornal Semanário da Zona Norte ?

Ten.-cel. PM Teixeira: Na guerra informacional, as mídias regionais podem e devem ser nossas aliadas na difusão de informação de qualidade. Sabemos que o apelo comercial dos grandes veículos torna nossa inserção, pelo menos da forma como gostaríamos, muito reduzida. Neste ambiente que veículos como o Semanário podem contribuir para a segurança da Zona Norte informando a população sobre a atuação policial e os caso de sucesso dessa atuação, que permitam as pessoas saber que a polícia está atuando por ela e com sucesso, portanto, pode sentir-se mais tranquilo e seguro. Dentro dessa vertente, o engajamento nas mídias sociais com apoio de perfis já consolidados e o apoio, aproximação e integração com os veículos jornalísticos que nos permitirá sucesso.