Na semana passada, eu e minha esposa reencontramos uma conhecida francesa que veio ao Brasil para uma visita a familiares que residem em nossa cidade.
Casada há anos com um engenheiro brasileiro, fala muito bem nosso idioma, conhece de Norte a Sul o nosso país e compreende profundamente nossas peculiaridades.
Durante a agradável conversa, questionamos as últimas eleições na França, com foco, em especial, na constante ascensão da extrema direita nos seguidos pleitos.
Declarou seu voto em Emmanuel Macron, mas deixou claro que tem algumas reservas quanto ao programa de governo do presidente.
Entende que o sentimento de divisão vem se acentuando e será preciso uma liderança firme e motivadora que equilibre os anseios.
Foi um sobrevoo importante sobre a situação daquele país.
Quando o tema foi meio ambiente, defendeu os princípios protetivos ao planeta e fez uma dura crítica ao nosso modo de encarar o problema.
Classe média alta, nora em um bom apartamento, tem residência de férias, carro sofisticado, mas vai ao trabalho de metrô, usa bicicleta para afazeres perto de casa, separa o lixo para coleta seletiva e se preocupa com o consumo de produtos com certificação ambiental.Fez as críticas naturais de quem é contrária aos extremismos de direita, aos comportamentos populistas, à falta de compostura dos líderes dessa vertente, das afrontas à democracia, mas nos indagou:
Por que vocês criticam tanto o seu presidente quando se trata de proteção ao meio ambiente? Ele tem todos os defeitos e eu abomino, mas vocês fazem a sua parte?
Silêncio na mesa!
- Sei que vocês defendem, por princípio, a preservação das florestas, dos rios, gostam de parques no centro da cidade, falam em ESG e até plantam árvores em ocasiões especiais.
- Mas, no dia a dia, isso faz parte das suas rotinas? Usam sacola de plástico do supermercado, pressionam o governo por atitudes saudáveis para a Amazônia, Pantanal e Sertão, recolhem as fezes do cachorro quando passeiam com ele, embalam pilhas usadas e as depositam em recipientes adequados?
Ela nos deu uma lição sobre a falta de responsabilidade ambiental em nosso país.
O anfitrião, mestre em receber, adiantou-se, desviando o assunto, perguntou-nos se já estávamos satisfeitos, porque o bolo de rolo seria servido em seguida.
Saímos de lá pensativos. No carro, de volta para casa, comentei com a esposa.
- Um soco no estômago essa conversa. Eu não faço a minha parte.
Você, leitor, faz a sua?
Paz e bem!
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