Festa popular, o carnaval ocorre em regiões católicas, mas sua origem é obscura. No Brasil, o primeiro carnaval surgiu em 1641, promovido pelo governador Salvador Correia de Sá e Benevides em homenagem ao rei dom João IV, restaurador do trono de Portugal. Hoje é uma das manifestações mais populares do país e festejado em todo o território nacional.
Conceito e origem
O carnaval é um conjunto de festividades populares que ocorrem em diversos países e regiões católicas nos dias que antecedem o início da Quaresma, principalmente do domingo da Quinquagésima à chamada terça-feira gorda. Embora centrado no disfarce, na música, na dança e em gestos, a folia apresenta características distintas nas cidades em que se popularizou. O termo carnaval é de origem incerta, embora seja encontrado já no latim medieval, como carnem levare ou carnelevarium, palavra do século 12, que significava a véspera da quarta-feira de cinzas, isto é, a hora em que começava a abstinência da carne durante os quarenta dias nos quais, no passado, os católicos eram proibidos pela igreja de comer carne. A própria origem do carnaval é obscura. É possível que suas raízes se encontrem num festival religioso primitivo, pagão, que homenageava o início do Ano Novo e o ressurgimento da natureza, mas há quem diga que suas primeiras manifestações ocorreram na Roma dos césares, ligadas às famosas saturnálias, de caráter orgíaco. Contudo, o rei Momo é uma das formas de Dionísio — o deus Baco, patrono do vinho e do seu cultivo, e isto faz recuar a origem do carnaval para a Grécia arcaica, para os festejos que honravam a colheita. Sempre uma forma de comemorar, com muita alegria e desenvoltura, os atos de alimentar-se e beber, elementos indispensáveis à vida.
Carnaval no Brasil
Nem um décimo do povo participa hoje ativamente do carnaval— ao contrário do que ocorria em sua época de ouro, do fim do século 19 até a década de 1950. Entretanto, o carnaval brasileiro ainda é considerado um dos melhores do mundo, seja pelos turistas estrangeiros como por boa parte dos brasileiros, principalmente o público jovem que não alcançou a glória do carnaval verdadeiramente popular. Como declarou Luís da Câmara Cascudo, etnólogo, musicólogo e folclorista, “o carnaval de hoje é de desfile, carnaval assistido, paga-se para ver. O carnaval, digamos, de 1922 era compartilhado, dançado, pulado, gritado, catucado. Agora não é mais assim, é para ser visto”.
Entrudo - O entrudo, importado dos Açores, foi o precursor das festas de carnaval, trazido pelo colonizador português. Grosseiro, violento, imundo, constituiu a forma mais generalizada de brincar no período colonial e monárquico, mas também a mais popular. Consistia em lançar, sobre os outros foliões, baldes de água, esguichos de bisnagas e limões de cheiro (feitos ambos de cera), pó de cal (uma brutalidade, que poderia cegar as pessoas atingidas), vinagre, groselha ou vinho e até outros líquidos que estragavam roupas e sujavam ou tornavam malcheirosas as vítimas. Esta estupidez, porém, era tolerada pelo imperador Pedro II e foi praticada com entusiasmo, na Quinta da Boa Vista e em seus jardins, pela chamada nobreza. E foi livre até o aparecimento do lança-perfume, já no século 20, assim como do confete e da serpentina, trazidos da Europa.
O Zé-Pereira - Em todo o Brasil, mas sobretudo no Rio de Janeiro, havia o costume de se prestar homenagem galhofeira a notórios tipos populares de cada cidade ou vila do país durante os festejos de Momo. O mais famoso tipo carioca foi um sapateiro português, chamado José Nogueira de Azevedo Paredes. Segundo o historiador Vieira Fazenda, foi ele o introdutor, em 1846, do hábito de animar a folia ao som de zabumbas e tambores, em passeatas pelas ruas, como se fazia em sua terra. O Zé-Pereira cresceu de fama no fim do século 19, quando o ator Vasques elogiou a barulhada encenando a comédia carnavalesca O Zé-Pereira, na qual propagava os versos que o zabumba cantava anualmente: E viva o Zé-Pereira/Pois que a ninguém faz mal./Viva a pagodeira/dos dias de carnaval! A peça não passava de uma paródia de Les Pompiers de Nanterre, encenada em 1896. No início do século 20, por volta da segunda década, a percussão do zé-pereira cedeu a vez a outros instrumentos como o pandeiro, o tamborim, o reco-reco, a cuíca, o triângulo e as “frigideiras”.
As fantasias - O uso de fantasias e máscaras teve, em todo o Brasil, mais de setenta anos de sucesso — de 1870 até início do decênio de 1950. Começou a declinar depois de 1930, quando encareceram os materiais para confeccionar as fantasias — fazendas e ornamentos –, sapatilhas, botinas, quepes, boinas, bonés, etc. As roupas de disfarce, ou as fantasias que embelezaram rapazes e moças, foram aos poucos sendo reduzidas ao mais sumário possível, em nome da liberdade de movimentos e da fuga à insolação do período mais quente do ano.
E foram desaparecendo os disfarces mais famosos do tempo do império e início da república, como a caveira, o velho, o burro (com orelhões e tudo), o doutor, o morcego, diabinho e diabão, o pai João, a morte, o príncipe, o mandarim, o rajá, o marajá. E também fantasias clássicas da commedia dell’arte italiana, como dominó, pierrô, arlequim e colombina — de largo emprego entre foliões e que já não tinham razão de ser, depois que a polícia proibiu o uso de máscaras nos salões e nas ruas. Aliás, desde 1685 as máscaras ora eram proibidas, ora liberadas. E a proibição era séria, bastando dizer que as penas, já no século 17, eram rigorosíssimas: um proclama do governador Duarte Teixeira Chaves mandava que negros e mulatos mascarados fossem chicoteados em praça pública, e brancos mascarados fossem degredados para a Colônia do Sacramento.
Carnaval de São Paulo
O carnaval de São Paulo é uma tradicional festa carnavalesca que ocorre todos os anos na cidade de São Paulo. O desfile das escolas de samba paulistanas ocorre no Sambódromo do Anhembi, projetado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer, que também projetou o Sambódromo da Marquês de Sapucaí no Rio de Janeiro. O desfile do Grupo Especial das escolas de samba de São Paulo acontece na sexta-feira e no sábado da semana do Carnaval
Escolas - A cidade de São Paulo possui agremiações carnavalescas entre Escolas de Samba e Blocos. As mais tradicionais e mais vencedoras formam uma lista de 6 escolas: Nenê de Vila Matilde, Vai-Vai, Camisa Verde e Branco, Unidos do Peruche, Mocidade Alegre e Rosas de Ouro. A primeira dentre essas que surgiu como escola de samba foi a Nenê de Vila Matilde, a segunda escola da cidade (atrás apenas da Lavapés que é de 1937). Fundada em 1949, foi responsável pela popularização do Carnaval de São Paulo nas décadas de 1950 e 1960. É a segunda escola em número de títulos, com 11 no total. É tradicionalmente defensora de sua região de origem, a Zona Leste, onde possui uma enorme torcida. O Vai-Vai, foi fundado como cordão em 1930. Atualmente é a agremiação mais antiga da cidade, mas há controvérsias, existem pessoas que dizem que a escola do bairro da Bela Vista, mais conhecido como Bixiga, teve sua fundação um pouco mais tarde, já os componentes dizem que a escola é mesmo de 1ª de janeiro de 1930. Essa escola é a que mais venceu o carnaval em São Paulo, com 15 vitórias e tem a maior torcida. O Camisa Verde e Branco surgiu em 1914 como grupo carnavalesco e se tornou cordão (assim como o Vai - Vai) na década de 1930, mas foi extinto. Ressurgiu em 1953 com o nome de Cordão Carnavalesco Camisa Verde e Branco. O nome dessa escola tradicional do bairro da Barra Funda se originou das vestimentas dos componentes de cordão que sempre desfilavam de camisas verdes e calças brancas, o Camisa Verde ganhou 9 títulos do carnaval de São Paulo. A Unidos do Peruche nasceu como escola de samba, e desfilou sempre entre as grandes da cidade. Possui 5 títulos e foi pioneira na Zona Norte da cidade. Fundada em 1956, é muito respeitada apesar da má fase em que se encontra e é uma das escolas com maior número de vice-campeonatos. Mocidade Alegre e Rosas de Ouro, foram fundadas em 1967 e 1971 respectivamente, ambas como blocos carnavalescos. São duas grandes escolas da Zona Norte da cidade, a primeira do Bairro do Limão e a segunda nasceu na Vila Brasilândia, mas hoje fica no bairro ao lado, a Freguesia do Ó.
Outras escolas de samba também tradicionais porém, que lutam para voltar ao Grupo especial e se firmar são: Barroca Zona Sul, Imperador do Ipiranga ,Morro da Casa Verde, Acadêmicos do Tatuapé e Leandro de Itaquera . A Unidos de Vila Maria, que volta ao Grupo Especial, é uma escola tradicional do passado e se firmou entre as grandes novamente. A Vila Maria obteve mais sucesso nessa jornada por enquanto. A X-9 Paulistana em 15 anos seguidos de Grupo Especial conquistou torcida, títulos e muitos simpatizantes, e hoje é considerada uma das grandes. Acadêmicos do Tucuruvi, Águia de Ouro, Pérola Negra e Tom Maior fazem grandes carnavais no grupo especial paulistano, possuem muitos simpatizantes e essas agremiações realizam belissimos desfiles, são até tidas em muitas vezes como favoritas, mas até agora nunca levaram o caneco pra casa. Colorado do Brás, Flor da Vila Dalila, Unidos de São Miguel, e Acadêmicos do Ipiranga são escolas tradicionais que já foram maiores, e hoje amargam fases ruins.
Sambódromo
O Polo Cultural e Esportivo Grande Otelo, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, é um dos maiores espaços para grandes eventos ao ar livre da cidade de São Paulo. Também conhecido como Sambódromo, é administrado pela São Paulo Turismo e abriga em média 30 grandes eventos por ano, entre eles a maior festa popular paulistana, o carnaval.
O Sambódromo foi inaugurado em 1991 com capacidade para 10 mil pessoas. Em 1992, a conclusão de alguns módulos de arquibancada dobrou essa capacidade. Mas foi em 12 de fevereiro de 1996, com todos os setores concluídos, que o Polo foi entregue à população, já carinhosamente apelidado de Sambódromo, com capacidade ampliada para 30 mil pessoas.
Além de toda a concepção necessária aos grandes desfiles, o Sambódromo oferece infraestrutura para shows, eventos e desfiles, como o de 7 de Setembro, realizado ali desde 1998. O Polo também tem capacidade de reserva de água de 400 mil litros e de 1,4 megawatts para a iluminação de pista. Nos últimos anos, a diversificação da utilização dos seus espaços transformou o Sambódromo em um local para eventos de diferentes estilos, sejam eles cívicos, de entretenimento, esportivos ou artísticos.
Dados Sambódromo - pista: de 530 m de comprimento por 14 m de largura, com declive para evitar alagamentos; área da concentração: 23 mil m²; área da dispersão: 14 mil m²; · arquibancada monumental (setor b): 7.749 pessoas sentadas; palco em frente à arquibancada monumental: 900m², possui três grandes camarins e amplas áreas de serviço; sanitários: 580 unidades de fixos e 73 químicos; capacidade total (arquibancadas e camarotes): 32 mil pessoas. Há ainda, ao longo da pista, oito outros conjuntos de arquibancadas, com capacidade para abrigar 1.740 pessoas cada um (com exceção dos setores D e G, que comportam 1.447 pessoas), e 103 camarotes com estrutura de sanitários e lanchonetes, que acomodam de 10 a 90 pessoas cada um; Redes de distribuição de água, esgoto, energia elétrica e telefonia, além de caixa d’água.