Na Ciência Política, nas Relações Internacionais e nas Ciências Militares, Grande Estratégia é um conceito que envolve o desenvolvimento e a implementação de um plano de longo prazo para alcançar os objetivos mais amplos de uma nação ou organização, geralmente em um contexto de segurança e poder.
Num país como o Brasil de dimensões continentais, com cerca de duzentos e cinzenta milhões de habitantes, que contrasta um universo de riquezas mineiras e de abundante e variada fauna e flora com uma grande desigualdade social, seria razoável se presumir a existência de uma Grande Estratégia para que não só suas riquezas fossem exploradas com sustentabilidade mas, acima de tudo, as desigualdades fossem diminuídas e o índice de desenvolvimento humano atingisse patamares condizentes com o seu gigantismo.
Mas isso não é o que passa pela cabeça de nossos governantes. Mais do que o desenvolvimento e bem estar social o grande objetivo é o de se perpetuar no poder e, para ser reeleito nada melhor do que o maná possibilitado pelas tão propaladas Políticas Públicas. Para a demagogia, o populismo e o clientelismo, nada mais envolvente e apaixonante que uma Política Pública.
A nível federal, estadual e municipal temos Políticas Públicas para tudo o que se possa imaginar, elas correspondem em número aos grupos humanos que possam representar votos em uma futura eleição. Muitas das vezes pouco efetivas, mas trazem a possibilidade atraente de um palanque para promoção deste ou daquele político. E ao garantir novas rubricas no orçamento dos governos, pelo seu grande número, pulverizam os recursos da administração, impedindo que as áreas prioritárias sejam tratadas com a merecida atenção.
O estabelecimento de uma Grande Estratégia é tarefa gigantesca e complexa que mais do que tratar do interesse de pessoas e grupos exige que se busque atuar sobre os grandes problemas nacionais. A pobreza, o desemprego, a segurança, a saúde, a educação são questões que deveriam ser tratadas com adoção de medidas eficazes que redundem na solução do grande problema que representam.
As medidas que efetivamente apresentam resultados devem ser estudadas e testadas. Já aprendemos que não é com distribuição de bolsas que vamos erradicar a fome no país. Este é o típico exemplo de que mais do que se acabar com o problema, o que se busca é garantir os votos de quem recebe o benefício. A baixa renda das famílias que tem limitado acesso uma alimentação de qualidade é consequência do desemprego e da baixa qualificação. O acesso a uma renda complementar não consegue tratar do problema raiz: o desemprego e a baixa qualificação da mão de obra.
Quando um chefe militar monta o seu plano de operações para conquista de um objetivo ele e seu estado-maior definem um acidente capital, acidente cuja conquista possibilitará o atiçamento do objetivo imposto. Conquistado o objetivo capital a posição inimiga fica fragilizada e o caminho para a vitória se abre.
Diante dos muito problemas com que nos debatemos, como brasileiro que viveu por longo tempo debruçado em encontrar soluções para todas essas mazelas, me atrevo a dizer que para chegarmos a ser a nação que almejamos, o acidente capital a ser conquistado é, nada mais nada menos, que a implantação de uma Educação de qualidade.
Educação, o remédio para todos os males. A implantação de uma educação de qualidade não representa o corpo do que seria uma Grande Estratégia mas é, sem dúvida, a base, o suporte sobre o qual essa Grande Estratégia deveria se apoiar.
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