O comandante do CPA/M-3, coronel PM Leandro Garcia Souza, visitou na quarta-feira, dia 26 de março, a sede do jornal e foi recebido pelo jornalista responsável do Semanário da Zona Norte, João Carlos Dias.
Na ocasião, o coronel PM Leandro concedeu entrevista onde abordou vários assuntos, entre eles, a trajetória na Polícia Militar do Estado de São Paulo, o crescimento das mulheres na corporação, a importância das polícias comunitárias, dos Consegs e das mídias regionais, em especial o Semanário da Zona Norte.
Confira na íntegra a entrevista
JSZN: Fale um pouco sobre sua trajetória profissional?
Cel. PM Leandro: Ingressei na Academia de Polícia Militar do Barro Branco no ano de 1994, completando o Curso de Formação de Oficiais em 1997, oportunidade em que pude escolher servir no 1º Batalhão de Polícia de Choque-Batalhão Tobias de Aguiar, sede das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar-ROTA, onde permaneci até o início de 2005.
Após, servi no Comando de Policiamento de Área Metropolitana-2 até maio de 2005, ocasião em que fui classificado na Inteligência da Polícia Militar, lá permanecendo até novembro de 2009.
Em novembro de 2009 fui movimentado para a Corregedoria da Polícia Militar, quartel onde servi até agosto de 2022, data em que fui transferido para o 11º BPM/M e, na sequência, ao 7º BPM/M, ambos na região central de São Paulo.
Em maio de 2023, com a promoção a tenente-coronel da PMESP, fui comandar o 27º BPM/M, extremo sul da Capital, e, em seguida, recebi a missão de comandar o 13º BPM/M, situado na região central da Capital.
Em 2024 recebi a indicação da PMESP para frequentar o Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia, da Escola Superior de Guerra, situada na cidade do Rio de Janeiro.
No mês de dezembro de 2024 retornei para as atividades em São Paulo, no Comando de Policiamento de Área Metropolitana-1, área central.
No dia 7 de fevereiro deste ano promovido a coronel da PMESP, recebendo o ´Comando do Policiamento de Área Metropolitana-3
JSZN: Sua formação?
Cel. PM Leandro: Possuo o CFO; graduação em Direito. Pós-graduação em Direito Penal pela Escola Superior do Ministério Público de São Paulo; Pós-graduação em Direito civil; MBA executivo no INSPER; pós-graduação em Altos Estudos em Política e Estratégia pela Escola Superior de Guerra (ESG); mestrado e doutorado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, além de diversos cursos de especialização.
JSZN: Hobby?
Cel. PM Leandro: Não possuo um hobby, procuro passar meu tempo livre junto de minha família
JSZN: O senhor se inspirou em alguém da família?
Cel. PM Leandro: Meu falecido pai, Gilmir dos Santos Souza (digo o nome como forma de homenageá-lo), foi praça da Polícia Militar, então posso dizer que ele foi meu ponto de inspiração profissional.
JSZN: Neste tempo de PM houve alguma ocorrência que marcou sua trajetória profissionall?
Cel. PM Leandro: Uma ocorrência policial que me marcou muito foi o falecimento de um policial militar durante o serviço. Eram três irmãos que serviam no BTA, dois em uma Companhia e o terceiro em outra Companhia. Todos eram ótimos profissionais e esse último costuma trabalhar em minha equipe. Certo dia de serviço o PM foi trabalhar com outra equipe, por necessidade, e eu alterei minha equipe. Justamente nesse dia ele participou de uma operação em uma favela da Grande São Paulo e foi alvejado, falecendo no hospital. Como eu conhecia os demais irmãos, fui até a casa deles para dar a notícia e levá-lo ao hospital. Foi um momento muito impactante para mim. Ver um amigo ferido gravemente em serviço e levar a notícia para a família foram momentos muito difíceis.
JSZN: Qual orientação o sr. deixa para os jovens militares?
Cel. PM Leandro: A principal orientação que eu deixo é para que tenham em suas ações e ideias a referência dos momentos de orgulho e alegria que eles levaram para as famílias quando ingressaram na Polícia Militar. Para que se lembrem das lágrimas de honra e alegria que a formatura nos cursos de formação da Polícia Militar proporciona, e que nãos as substituam por lágrimas de desonra, vergonha e tristeza pela prática de malfeitos.
JSZN: O número de mulheres cresce a cada ano. Como o senhor vê esse avanço?
Cel. PM Leandro: O avanço do número de mulheres na Corporação reflete o comportamento social como um todo, onde pode-se observar uma maior participação de mulheres nos mais diversos estratos profissionais. Especificamente no caso da Polícia Militar, a participação de mulheres não é algo novo, mas ao contrário, em maio próximo comemoraremos 70 anos de criação do policiamento feminino na Corporação, iniciativa pioneira na América Latina. Importante deixar registrado que o CPA/M-3 foi nominado como “Cel Feminino PM Hilda Macedo”, conforme a Lei Estadual nº 12.873/2008, homenageando a primeira comandante do corpo especial de policiamento feminino. Portanto, o avanço do número de mulheres na Corporação é, a meu ver, faz jus à sua história junto à Polícia Militar e está em pleno acordo com a sociedade atual.
JSZN: O que significa para o senhor comandar o CPA-M-3? Qual sua expectativa?
Cel. PM Leandro: Comandar o CPA/M-3 é uma enorme honra em minha trajetória profissional! Cuidar das ações de polícia ostensiva e preservação da ordem pública de uma comunidade com mais de 3 milhões de pessoas, e em uma região tradicional e importante para São Paulo, é uma ideia desafiadora pela responsabilidade envolvida, mas uma honra que, acredito, nenhum coronel da PM deixaria passar. Por todo o trabalho desenvolvido pelos valorosos policiais militares que atuam na nossa Zona Norte, tenho expectativas extremamente positivas.
JSZN: Quais ações o senhor pretende implantar na unidade?
Cel. PM Leandro: Tenho que dizer, de início, que o indicador de violência da Capital paulista é muito favorável à comunidade, situando-se abaixo de 5 mortes violentas por 100 mil habitantes, o que já mostra por si só que as ações adotadas pela PMESP são muito positivas. Esse indicador, que impacta de maneira positiva a vida das pessoas, demanda atenção plena e medidas para sua manutenção, o que envolve ações policiais preventivas, seja no posicionamento adequado de equipes policiais no território, seja nas ações de polícia com interface direta com a sociedade, seja nas ações repressivas de combate à criminalidade que atua em nossa região.
Complementarmente, atuar nas incomodidades e na desordem pública são premissas importantes para trazer sossego e sensação de segurança para nossa comunidade. Permitir que a vida social ocorra com a maior tranquilidade e com observância do respeito aos limites dos direitos alheios é um farol a guiar as ações de polícia ostensiva.
Essas ações visam criar um ambiente de franca sensação de segurança à nossa comunidade da Zona Norte, criando aderência com o indicador de violência da Capital paulista.
Não iremos esquecer dos demais indicadores de criminalidade de nossa região, que já são muito favoráveis, mantendo-os nos menores patamares possíveis, sempre buscando proteger a nossa comunidade.
JSZN: Qual a importância das polícias comunitárias e dos Consegs? O que o senhor pode nos dizer sobre o programa Vizinhança Solidária?
Cel. PM Leandro: A polícia comunitária, os CONSEGS e o programa Vizinhança Solidária são institutos fundamentais na governança local, em especial para as ações da Polícia Militar. Não podemos esquecer que todas as medidas adotadas pela Polícia Militar visam a sociedade paulista, com reflexos para a sociedade brasileira, portanto, termos a proximidade com a comunidade e o engajamento desta nas medidas de promoção da ordem pública, são os pilares importantes para o atingimento da segurança pública como um todo.
A sociedade não sobrevive sem polícia, e a polícia existe para a sociedade. Essa amálgama é a razão de ser dos institutos de promoção da aproximação entre polícia e sociedade.
JSZN: Qual a importância das mídias regionais, em especial o Semanário da Zona Norte?
Cel. PM Leandro: De início precisamos dizer que as mídias, de maneira geral, permitem o debate público sobre os mais diversos aspectos, propiciando ferramentas para a formação de opinião das pessoas.
O crescimento social é alcançado com a dialética propiciada pelas mídias. As mídias regionais são ainda mais importantes para a comunidade em que está inserida, pois está próxima das demandas dos moradores de certa localidade, além de conhecer as necessidades urgentes e os pensamentos próprios que guiam a região.
Especialmente o Semanário da Zona Norte, é um veículo de comunicação com quase 30 anos de existência, sendo conhecedor profundo do perfil dos moradores da comunidade e das demandas próprias de tão importante região da Capital. O olhar crítico e apurado para as necessidades e para as mazelas que afligem a Zona Norte faz dele uma das principais vozes em favor dos moradores, além de ser a verdadeira caixa de ressonância das principais conquistas e novidades que impactam a vida de nossa comunidade.
O mundo atual reflete a sociedade da comunicação e o Semanário da Zona Norte é legítimo representante da comunicação customizada para a Zona Norte da Capital.