Anne Frank, que morreu num campo de extermínio durante a segunda grande guerra, escreveu em seu diário: “Como é maravilhoso que ninguém precise esperar um único momento para começar a melhorar o mundo”.
Diante dessa afirmação, dita em tom de lamento, indagamos como podemos ser agentes nessa transformação?
Talvez encontremos uma resposta definitiva na assertiva de Gandhi quando disse que “devemos nos tornar a mudança que desejamos ver no mundo”.
Seja no ocidente como no oriente, isso não deveria ser novidade porque, por exemplo, desde os primórdios das religiões judaica, cristã e mulçumana essa questão tem sido enfocada, demonstrada e evidenciada.
Basta que lembremos do chamamento de Abraão cuja saga começa com a escuta “Lech Lechá”, ou seja, vá para si mesmo - vá a si, até a terra que te mostrarei -. Esse chamamento, sob todos os aspectos, mas sobretudo no seu íntimo, implicou numa grande mudança em Abraão.
Nesse mesmo sentido, no campo da filosofia, Sócrates, reconhecido como um precursor do Cristo, por volta do ano 500 a.C. já recomendava: “Conhece-te a si mesmo”.
Começar a melhorar o mundo importa na reforma íntima de cada indivíduo. Importa no reconhecimento de que é preciso que cada qual passe por um processo de autotransformação, de modo que cada um “vá para si mesmo” e se conhecendo seja a mudança que deseja ver no mundo.
O apostolo e evangelista Mateus - 2:26 – mostrou-nos que Jesus ensinou: “Limpa primeiro o interior do copo e depois todo o copo ficará limpo”.
Esse processo transformação é dos mais difíceis, uma vez que se dá de dentro para fora; implicando na quebra de muitos paradigmas e não há nada mais doloroso do que quebrarmos nossos paradigmas. Quando nos depararmos com nossos valores e nossa própria identidade descobriremos que não somos apenas os promotores do nosso eu, mas também nosso maior obstáculo.
Mas, apesar de necessário, é muito difícil mudar os padrões de pensamento e comportamento de uma vida inteira. E é por isso que muitas vezes a principal razão pela qual as pessoas não conseguem mudar é que elas não compreendem a si mesmas o suficiente para perceber quando a mudança é necessária. Por isso, temos que nos conhecer e compreender.
Havendo esse processo individual vivenciaremos a necessidade da ruptura conosco mesmo, sendo possível reconhecer que não há nada de digno em ser superior a outra pessoa porque a única nobreza garantida é ser superior a seu antigo eu.
Todo ser humano pode e deve ser um ativo agente de transformação do mundo fazendo sua reforma íntima para reconhecer que a grandeza não está em não errar, mas em estar constantemente atento ao erro e repará-lo. Essa é a opção pela integridade.
Willian Shakespeare, em Hamlet (cap. 3), imitando a vida já dizia: “Se fores sincero contigo mesmo, não podereis ser falso com homem algum.”.
Assim, o mundo será melhor quando o homem que para evoluir se faz necessário compreender que é preciso vivenciar a doutrina do Cristo, amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Paulo Eduardo de Barros Fonseca