É incontroverso que no último século a humanidade viu e conviveu com um estrondoso avanço científico e tecnológico que impactou e mudou de forma significativa o comportamento e hábitos das pessoas.
Sob todos os aspectos, como uma onda que avança cada vez mais, a sociedade se vê num contraste entre a tecnologia e a tradição, evidenciando os dois aspectos inerentes ao progresso que, enquanto uma lei do universo, pode ser dividido em dois pressupostos que se prestam apoio mútuo, mas que não marcham lado a lado, quais sejam: o progresso intelectual e o progresso moral.
Talvez seja por isso que a sociedade moderna, repita-se, envolvida pelo avanço da ciência e da tecnologia, se distancie dos valores culturais, éticos e espirituais, deixando se envolver e tentando impor uma realidade meramente materialista, gerando o desequilíbrio entre as conquistas do intelecto e os valores estabelecidos pelo contrato social firmado ao longo de séculos, os quais, aliás, são fundamentais para a estabilidade da sociedade.
Mas, o advento da Covid-19 e suas consequências propicia a oportunidade para a reflexão, discussão, conscientização e difusão de uma visão espiritualista voltada para a alteridade e para a transição planetária que a humanidade está vivenciando.
Isso para que seja possível a equiparação do progresso do intelecto e o moral, porquanto todo ser humano é um vetor em plena evolução individual para o bem geral da humanidade.
Esta é uma grande oportunidade que se abre para que todos possam evoluir além das conquistas científicas e tecnológicas, portanto, materiais, para desenvolver suas capacidades de lidar com o fluído universal, emancipando as mentes e, como consequência, elevando a vibração físico-espiritual para transcender a materialidade carnal.
Enfim, o planeta passa por uma grande transição espiritual e a todos é dada a oportunidade de elevar-se além de si mesmo para se adequar a uma nova ordem planetária que está em plena implementação.
Este é um momento histórico da humanidade e como artífices da construção de uma sociedade mais equilibrada os valores da sociedade humana, construídos e sedimentados a partir de um longo passado coletivo não devem ser menosprezados, mas ao contrário devem ser examinados sob a ótica do bom senso e do respeito. Cada pessoa, toda pessoa, enquanto indivíduo na sociedade, na família e dentro de si mesmo, deve fazer possível para desempenhar o seu papel nesse contexto.
Sócrates, o pai da filosofia exortou: Conhece-te a si mesmo. Essa provocação nos instiga a busca incessante do autoconhecimento e nos leva as profundezas do nosso interior, de modo que possamos nos reconhecer e lidar conosco mesmo e com o mundo.
Se nesse processo de reflexão, nos lembrarmos que o nosso corpo é transitório e que as conquistas materiais são perecíveis e passageiras, pois não nos acompanharão quando findarmos nosso compromisso carnal, certamente nos reconheceremos como pessoas diferentes da que somos e buscaremos dar importância ao que realmente tem valor, que são os valores morais e espirituais.
Como na parábola bíblica dos trabalhadores da última hora, neste momento de transição planetária, somos convidados para fazer nossa reforma íntima e, consequentemente, para sermos agentes ativos na construção de um mundo mais justo e perfeito onde o amor abranja seu verdadeiro e singelo significado.
A humanidade está sendo chamada à reflexão e dela se espera uma resposta adequada e imediata que propicie a equiparação entre o progresso intelectual/material e o progresso moral/espiritual e produza um verdadeiro salto quântico para o entendimento e o bem viver.
Sob o ponto de vista existencial, essa postura, se e quando praticada, resulta numa verdadeira alquimia em nosso espírito porque faz com que, paulatinamente, nos transformemos em seres melhores que procuram trilhar pelo caminho da solidariedade, da fraternidade, da paz interior e universal, traduzindo, assim, em atos a atitudes, a essência divina que é o Amor.
Como sempre, a cada qual compete fazer a sua parte!
Paulo Eduardo de Barros Fonseca