Na terça-feira, dia 20 de julho, o general de exército, João Chalella Júnior, visitou o jornal Semanário da Zona Norte. Ele foi recebido pelo diretor João Carlos Dias e abordou vários assuntos entre eles o papel do Exército Brasileiro e do Comando da 2ª Região Militar, a criação de um colégio militar dentro do CPOR/SP que em breve terá sua sede própria no Campo de Marte, o crescente número de mulheres oficiais dentro da entidade, a crise de saúde pública como a pandemia de coronavírus, os desafios da 2ª Região Militar e a força tarefa representada pelas três armas (Marinha, Exército e Aeronáutica) para ajudar no combate à Covid-19 e a importância dos eventos promovidos pelo jornal Semanário da Zona Norte.
Confira na íntegra a entrevista com o general de exército João Chalella Júnior
JSZN: Fale um pouco sobre sua trajetória profissional .
General de exército Chalella: Sou natural da cidade de São José do Rio Preto, Estado de São Paulo, entrei nas Forças Armadas na Escola Preparatória de Cadetes do Ar em 1977 e na Academia Militar das Agulhas Negras em 1980.
Dentro de cada fase da carreira exerci inúmeras funções, como tenente. Servi no 13º Grupo de Artilharia de Campanha e 3º Grupo de Artilharia Antiaérea, ambos no Rio Grande do Sul e fui instrutor na Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea no Rio de Janeiro – RJ.
Já como oficial superior e após o Curso de Comando e Estado-Maior trabalhei como oficial de operações da 3ª Divisão de Exército, Santa Maria – RS e 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, Dourados – Mato Grosso.
Comandei, ainda, a Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea, fui instrutor na Escola de Comando e Estado Maior do Exército, ambas no Rio de Janeiro- RJ. Quando após o Curso de Política a Alta Administração do Exército, fui classificado no Gabinete do comandante do Exército, em Brasília, Distrito Federal.
Como oficial general, comandei a 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea do Exército no Guarujá - SP e a 2ª Região Militar, na Capital paulista, e no momento fui nomeado Comandante Militar do Norte, em Belém – PA.
Durante minha carreira exerci algumas missões no exterior, dentre elas a de observador militar da ONU na Ex - Iugoslávia, a de instrutor da Escola de Comando e Estado-Maior na República de El Salvador e a de chefe da Comissão do Exército Brasileiro em Washington.
JSZN: Qual o papel do Exército Brasileiro e sua importância para a comunidade?
General de exército Chalella: Além de cumprir a sua missão constitucional, cuja síntese é a Defesa da Pátria, a garantia dos poderes Constitucionais, da Lei e da Ordem, o Exército Brasileiro ademais de ser o Braço Forte, tem o importante papel de ser a Mão Amiga.
Esta é a vertente de apoio à Nação Brasileira e a sociedade a qualquer tempo,
principalmente, nos momentos mais difíceis, como, por exemplo, este período da
pandemia da Covid-19, o que mostra a disponibilidade permanente do Exército
Brasileiro.
JSZN: Como o Sr. analisa o Comando da 2ª Região Militar?
General de exército Chalella: É um comando logístico, administrativo e territorial, cuja missão é prover o apoio ao Comando Militar do Sudeste no preparo e emprego de suas tropas. Além do apoio operacional, é responsável pelo apoio de saúde dos contribuintes do Sistema de Saúde do Exército e, ainda, cuida dos nossos veteranos e pensionistas. Outras missões relevantes da Região Militar é a de fiscalização, dos produtos controlados previstos em Lei. Finalmente, mas não menos importante, contribuir com Serviço Militar também é nossa responsabilidade, cuja base é a conscrição e a mobilização de pessoal e material.
O Comando da 2ª Região Militar é um comando importante e que atua não somente em prol do Exército, mas também para a sociedade brasileira.
JSZN: Como o Sr. vê a criação de um Colégio Militar dentro do CPOR/SP e em breve em
sua sede própria no Campo de Marte?
General de exército Chalella: O Colégio Militar de São Paulo era uma inspiração antiga, não somente dos militares, mas também da sociedade paulista, que tem um apreço e consideração muito especiais pelo Exército, pelos militares em geral e por nossas atividades. A criação do Colégio Militar de São Paulo trouxe muito entusiasmo para o Sistema Colégio Militar do Brasil. O Colégio Militar de São Paulo permite assistir à família militar no Comando Militar do Sudeste, oferecendo uma educação básica de qualidade, não somente aos dependentes de militares, mas também para a sociedade paulista e paulistana.
Já está instalado e funcionando no CPOR/ SP, onde permanecerá até o final 2022 e a
princípio, a partir de 2023, estará nas novas instalações no Campo de Marte, que foram
projetadas com uma estrutura completa para atender às demandas de um colégio militar.
JSZN: Qual o diferença entre o Colégio Militar e o tradicional?
General de exército Chalella: Do ponto de vista institucional, os colégios militares apresentam-se como organizações militares que funcionam como estabelecimentos de ensino de educação básica, com a finalidade de atender ao Ensino Preparatório e Assistencial, com um regime jurídico diverso dos estabelecimentos públicos pertencentes ao sistema regular de ensino, o que caracteriza uma natureza sui generis aos colégios militares.
JSZN: Como é a formação de jovens para o Exército em uma "Escola de Civismo e
Cidadania?
General de exército Chalella: A formação dos alunos do Colégio Militar deve prepará-los para a sociedade do futuro, marcada pelo avanço tecnológico, pelo mercado de trabalho volátil e competitivo, onde a posse do conhecimento não é suficiente, mas, também, a flexibilidade de seu emprego em conjunção às relações interpessoais. Princípios como respeito, disciplina, responsabilidade e ética são valores do Exército transmitidos a estes jovens.
O Ensino Preparatório deve ser entendido em dois sentidos: o latu e o strictu. No sentido latu, o ensino preparatório prepara para a vida. Preparar para a vida é capacitar todos os discentes à busca ética da felicidade e da realização pessoal, entendendo como em aberto esta capacitação. No sentido strictu, o ensino preparatório deve habilitar todos os alunos ao prosseguimento dos estudos, seja pelo despertar das vocações militares, em especial para o ingresso na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx) e no Instituto Militar de Engenharia (IME), seja pela preparação aos processos seletivos ao ensino superior.
JSZN: Cada vez mais as mulheres escolhem o Exército como profissão, qual sua opinião?
General de exército Chalella: Fruto das novas tecnologias de difusão de informação, as atividades desenvolvidas pelo Exército alcançam um número maior de pessoas, isso acarreta que o interesse pela carreira aumente. É fundamental que os brasileiros conheçam seu Exército. Sobre a trajetória das mulheres no Exército Brasileiro, entendemos que o segmento feminino tem trazido um resultado muito positivo e tem plenas condições para exercer a carreira militar. Cada vez mais as mulheres ocupam o seu espaço na Instituição.
JSZN: O mundo está vivendo uma grande crise de saúde pública. Como o Sr. vê a pandemia
do coronavírus no Brasil?
General de exército Chalella: A pandemia tem sido um desafio mundial, na área da 2ª região Militar temos seguido os protocolos de prevenção estabelecidos, mas o Exército não pode parar. Desta maneira seguimos cumprindo nossas missões e apoiando a sociedade nesse momento ímpar de nossa história.
JSZN: Com relação à pandemia que enfrentamos, quais foram os desafios do Exército e a
atuação na área da 2ª Região Militar?
General de exército Chalella: Os desafios foram os mesmos enfrentados em outras partes do mundo, devido às nossas missões peculiares (que exigem prontidão permanente) não paramos, mas ao mesmo tempo, nos adaptamos e adotamos normas para a preservação da saúde e higidez dos nossos militares, o que permitiu a manutenção da operacionalidade e da prontidão das tropas na nossa área de responsabilidade. Destacamos o apoio muito cerrado ao combate da Covid-19, por intermédio do apoio à vacinação, desinfecção de locais públicos, a confecção, transporte e distribuição de cestas básicas e várias campanhas, junto ao publico interno, para doação de sangue, dentre outras atividades.
Posso resumir, o nosso maior desafio, nossa missão, foi manter a tropa protegida sem parar as atividades por um único dia, na qual estamos sendo muito exitosos.
JSZN: Na atualidade, quais são os principais desafios da 2ª Região Militar?
General de Exército Chalella: Em síntese, o principal desafio foi ajustar os planejamentos para a tempestiva execução do apoio logístico às organizações militares e à comunidade civil sediadas em nossa área de responsabilidade, mantendo os trabalhos de mobilização de pessoal e material, sem se descuidar das atividades do sistema de pessoal do Exército e de Fiscalização de Produtos Controlados no âmbito regional.
JSZN: Qual o papel e a principal função da 2ª Região Militar? Quais as principais
atividades operacionais são desenvolvidas?
General de exército Chalella: A 2ª Região Militar tem por missão apoiar o emprego de tropa, em sua área de responsabilidade, no que tange ao planejamento, preparação e execução das atividades logísticas e administrativas, de acordo com a situação apresentada, com a finalidade de possibilitar ao Exército, particularmente ao Comando Militar do Sudeste, as condições necessárias para atuar em Operações de Defesa da Pátria; na garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem; nas Operações Internacionais de interesse do país; e nas ações de defesa civil, por intermédio de ações subsidiárias.
JSZN: Qual é a sua opinião referente à força tarefa das três armas (Marinha, Exército e
Aeronáutica) para ajudar no combate à Covid-19?
General de exército Chalella: As Forças Armadas estiveram juntas nesta tarefa desde o início. Não haveria coerência se o combate à Covid-19 não fosse conjunto, ou seja, com o emprego das três Forças (Marinha, Exército e Força Aérea). O emprego conjunto traz sinergia e
efetividade, resultando em melhor apoio à população.
JSZN: Como o Exército pode colaborar com a população?
General de exército Chalella: Seguindo no tema da Pandemia Covid-19, estamos mantendo as atividades de apoio à vacinação, promovendo campanhas de doação de sangue, realizando ações de coleta e distribuição de alimentos, transportando material e inúmeras outras atividades.
JSZN: Qual a importância dos eventos promovidos pelo jornal Semanário da Zona Norte
General de Eexército Chalella: Desde sua fundação, em 1999, o jornal Semanário da Zona Norte desempenha papel ímpar na sociedade paulistana. Isto se dava, inicialmente na versão em papel e, posteriormente, nas mídias digitais e demais canais de comunicação eletrônicos, demonstrando sua adaptabilidade e compromisso com a informação ao público. Por sua permanente preocupação com capacidade de difusão, elaboração primorosa, pauta sempre ativa e belíssima história, no decorrer destes 22 anos, tem se mostrado um meio de comunicação responsável e comprometido. Os eventos promovidos pelo jornal Semanário da Zona Norte são muito importantes por integrar pessoas de setores distintos da comunidade, difundir temas de relevância, notadamente para a sociedade da nossa Zona Norte.
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