A doação de órgãos é um gesto de amor ao próximo que permite salvar muitas vidas. Um indivíduo pode fazer uma doação de órgãos em vida ou após sua morte. No caso da doação por doador falecido, é necessária a autorização de familiares, portanto, é fundamental expressar o desejo de doar seus órgãos ainda em vida para que os familiares saibam disso e possam cumprir essa vontade. Um doador de órgãos pode salvar até 10 pessoas.
Doação de órgãos e sua importância
A doação de órgãos pode ser definida como um ato no qual doamos um órgão ou parte dele a fim de proporcionar um tratamento a outra pessoa que está sofrendo com um problema de saúde. A doação de um rim, por exemplo, pode ajudar uma pessoa que sofre de insuficiência renal. Enquanto a doação de um coração pode garantir a sobrevivência de uma pessoa com insuficiência cardíaca grave.
Percebe-se, portanto, que a doação de órgãos pode proporcionar melhor qualidade de vida a uma pessoa que está doente e pode até mesmo ser responsável por salvar sua vida. Sendo assim, é fundamental que as pessoas compreendam essa importância e a doação de órgãos torne-se um ato cada vez mais comum.
Tipos de doadores
Os doadores podem ser classificados em dois grupos: doadores vivos e doadores falecidos. Os doadores vivos são aqueles que resolvem, durante sua vida, doar um órgão para outra pessoa.
De acordo com a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, em realação à doação em vida:
“Só é permitida a doação em vida neste artigo quando se tratar de órgãos duplos, de partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para a sua integridade e não represente grave comprometimento de suas aptidões vitais e saúde mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável, e corresponda a uma necessidade terapêutica comprovadamente indispensável à pessoa receptora.”
Em vida, o doador pode doar um de seus rins, parte do fígado, parte do pulmão e parte da medula óssea.
O doador falecido é aquele que teve sua morte encefálica decretada e que teve autorizada a doação de seus órgãos pelos seus familiares. Sem autorização familiar, a doação não é realizada. Sendo assim, é fundamental expressar essa vontade em vida para que a doação seja autorizada pelos familiares. A doação por doador falecido é muito importante, pois vários órgãos podem ser doados, como coração, fígado, intestino, pâncreas, ossos, tendões e pele.
É fundamental deixar claro que o doador falecido terá seu corpo recomposto após a doação dos órgãos. Ele será entregue aos seus familiares de modo que sua aparência não impeça a realização do velório. Vale salientar que a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, considera crime deixar de recompor cadáver, devolvendo-lhe aspecto condigno, para sepultamento ou deixar de entregar ou retardar sua entrega aos familiares ou interessados.
Órgãos que podem ser doados
Muitas vezes temos uma visão bastante limitada dos órgãos que podem ou não ser doados. Muitas pessoas não sabem, mas até mesmo os ossos podem ser doados, ajudando, por exemplo, vítimas de tumores ósseos e traumas. Dentre as estruturas que podem ser doadas, podemos citar: coração, pulmão, fígado, rins, pâncreas, intestino, córneas, osso, pele e medula óssea.
Pessoas que não podem doar órgãos
A princípio não há restrições para a doação de órgãos, entretanto, situações específicas podem impedir a doação.
- Morte em consequência de doenças infecciosas, como a COVID-19.
- Pessoas que não foram identificadas após a morte.
- Menores de 18 anos sem a autorização dos responsáveis.
Muitos pensam que pessoas mais velhas não podem doar seus órgãos, mas isso não é uma verdade. O que se analisa é o estado de saúde do doador e não sua idade.
A escolha do receptor
É importante deixar claro que a doação de órgãos por um doador falecido não permite que se escolha para quem esse órgão será destinado. Os órgãos, nessa situação, são destinados a pessoas que estão aguardando por um órgão em uma lista de espera única. Assim que autorizada a doação, serão feitos exames de compatibilidade e o órgão será destinado para a próxima pessoa compatível da lista.
No caso da doação em vida, o doador pode escolher para quem o órgão será doado, entretanto, a doação só é permitida para cônjuge ou parentes consanguíneos até o quarto grau. No caso de doação para outras pessoas, é necessária autorização judicial.
Como funciona a doação de órgãos e tecidos no Brasil
Como não há dispositivo que ateste o desejo de tornar-se doador, é fundamental que o cidadão que esteja disposto a tornar-se um doador de órgãos e tecidos mantenha um diálogo constante com a família sobre o tema, para que eles entendam o seu consentimento.
Além de ter que aguardar pela disposição de outros em se tornarem doadores, quem aguarda por um órgão enfrenta uma fila de transplante de órgãos.
Qualquer pessoa pode ser doadora de órgãos e nenhuma religião é contra a doação. Basta apenas ser maior de 18 anos, ter condições adequadas de saúde e ser avaliado por um médico para realização de exames.
Para ser um doador em vida, você pode acessar o site da Aliança Brasileira pela doação de Órgãos e Tecidos (Adote), fazer seu cadastro e download do cartão de doador. Basta acessar o link: http://www.adote.org.br/.
Além do cadastro, é importante você falar para a sua família que deseja ser um doador de órgãos, para que após a sua morte, os familiares (até segundo grau de parentesco) possam autorizar, por escrito, a retirada dos órgãos.
Funciona assim: o potencial receptor deve estar inscrito em uma lista de espera para poder receber um órgão. Será respeitada a ordem da inscrição, assim como a compatibilidade e a gravidade de cada caso. A lista é única no Brasil todo, contudo, é organizada por estado ou por região, e é monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e por órgãos de controle federais.
Desafios da doação no Brasil
A falta de conhecimento sobre o tema é um dos principais empecilhos para a doação de órgãos ou de tecidos no Brasil. Estima-se que, no país, metade das famílias entrevistadas não concorda que órgãos e tecidos sejam retirados para a doação.
Portanto, levar esse tema para a conversa com os familiares é a melhor alternativa para reverter esse quadro. Com informação e esclarecimento, seu desejo de tornar-se doador terá mais chances de ser respeitado.
Vale lembrar ainda que a doação de órgãos e tecidos não gera qualquer custo aos familiares e que o doador poderá ser velado normalmente, se for esse o desejo da família, sem qualquer dano visível ao corpo.
Impactos da pandemia na doação de órgãos
Como não poderia ser diferente, a pandemia do novo coronavírus causou uma série de impactos negativos à doação de órgãos ou de tecidos no mundo inteiro. Muitos infectados não puderam doar, visto que para que haja doação é necessário que as partes doadas estejam saudáveis.
Como funciona a fila de espera?
Aqueles que precisam do transplante são cadastrados pelo médico na Lista Única Nacional. De acordo com a ABTO, o sistema de lista única tem ordem cronológica de inscrição e considera, por exemplo, as necessidades, tipo sanguíneo e a compatibilidade genética do doador com receptor.
Em relação ao desempate, a associação explica que os critérios são diferentes de acordo com o tipo de órgão ou tecido; a gravidade é motivo de priorização ou de atribuição de situação especial. Além disso, as crianças têm prioridade quando o doador também é criança, ou quando estão concorrendo com pacientes adultos.
Setembro Verde alerta para a importância
da doação de órgãos
O Setembro Verde é o mês de conscientização sobre a importância da doação de órgãos. A campanha é realizada desde 2014 e foi instituída em São Paulo a partir da Lei estadual n°15.463. O verde foi escolhido por ser um símbolo mundial da doação de órgãos e a cor já é reconhecida como um símbolo de esperança.
O mês também não foi escolhido à toa, já que 27 de setembro é o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Segundo a ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos) a data foi selecionada como uma homenagem aos santos católicos São Cosme e São Damião, que são considerados padroeiros dos transplantes.
A causa é nobre, mas a doação de órgãos ainda não faz parte das conversas em família. As filas de espera ainda são longas para aqueles que esperam receber um órgão. Manifestar o desejo de ser um doador de órgãos para sua família é essencial, para que tenham consciência da sua vontade. É importante ressaltar que o corpo do doador que já faleceu não tem deformidades após a cirurgia, sem necessidade de sepultamentos especiais. Não há custo para família que autorizar a doação de órgãos, nem recompensa financeira. Mas, existe a oportunidade de salvar o que é mais valioso: a vida.
Dados 2023
De janeiro a junho de 2023, o Brasil registrou mais de 1,9 mil doadores efetivos de órgãos, marcando um recorde em comparação com o mesmo período dos últimos dez anos. Isso possibilitou a realização de mais de 4,3 mil transplantes, de acordo com dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
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