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Sexta-feira, 29 de Marco de 2024
1º de janeiro é o Dia Mundial da Paz

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1º de janeiro é o Dia Mundial da Paz

Começa o ano novo e em 1º de janeiro comemora-se o Dia Mundial da Paz

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Começa o ano novo e em 1º de janeiro comemora-se o Dia Mundial da Paz. A paz é geralmente definida como um estado de calma ou tranquilidade, uma ausência de perturbações ou agitação. Derivada do latim pax, pode referir-se à ausência de violência ou guerra. Neste sentido, a paz entre nações, e dentro delas, é o objetivo assumido de muitas organizações, designadamente a ONU. No plano pessoal, paz designa um estado de espírito isento de ira, desconfiança e de um modo geral todos os sentimentos negativos. Assim, ela é desejada por cada pessoa para si próprio e, eventualmente, para os outros, ao ponto de se ter tornado uma frequente saudação (que a paz esteja contigo) e um objetivo de vida. A paz é mundialmente representada pelo pombo e pela bandeira branca. O conceito de paz mundial refere-se à convivência pacífica entre os povos. É considerada uma das principais metas da humanidade, mas geralmente é vista como um ideal utópico. Que vem do frances utopics,pode ser chamado de utopia, que é todo e qualquer coisa que você acredita que existe, que seja ideal ou idelitário a todos os povos, de todas as tribos.

Tipos de paz

Paz eterna - conceito elaborado pelo filósofo Immanuel Kant, inspirado nos ideais da Revolução Francesa. Designa um estado de paz mundial, obtido através de uma “república” única, capaz de representar as aspirações naturalmente pacíficas de todos os povos e indivíduos. Como o próprio filósofo esclarece, o termo é derivado de uma piada, onde a inscrição “Paz Eterna” é usada como legenda na ilustração de um túmulo.

Paz pela lei - lema da Organização do Tratado do Atlântico Norte, baseia-se na ideia de Kant e sugere que a paz deva ser obtida através de legislação em assuntos internacionais, capaz de regulamentar as relações diplomáticas, os conflitos de interesse, etc.

Paz pela força - obtida quando um indivíduo, instituição ou Estado é fortalecido de tal forma, que toda tentativa de subversão do status quo é desestimulada. Em inglês original, peace through strength.

Paz do terror - ocorre quando nações são capazes de causar destruição total umas às outras através de artefatos bélicos absurdamente poderosos (bombas atômicas, por exemplo). A posse sobre tais arsenais naturalmente desestimula as agressões mútuas. Conceito sugerido pelo estudioso Raymond Aron em seu livro “Peace and War Among Nations”.

Paz social - é a aplicação sociológica do conceito primário de paz, podendo ser entendida como a convivência harmoniosa com as diferenças em uma comunidade.

Prêmio Nobel da Paz

O Prêmio Nobel da Paz é atribuído anualmente a pessoas que se evidenciaram pelo seu contributo para o fim de períodos prolongados de violência, conflito ou opressão através do seu empenho e liderança moral. No entanto, algumas controversas atribuições deste prêmio contemplaram antigos guerrilheiros e supostos terroristas que se acredita terem ajudado ao fim de situações similares fazendo concessões excepcionais no sentido da pacificação. Eis alguns laureados com o Prêmio Nobel da Paz cuja atribuição ainda hoje suscita alguma controvérsia: Rev. Martin Luther King, Jr. (laureado em 1964); Henry Kissinger (laureado em 1973); Madre Teresa de Calcutá(laureada em 1979); Nelson Mandela e o antigo presidente Frederik Willem de Klerk (laureados em conjunto em 1993); Yasser Arafat (laureado em 1994); David Trimble (laureado em 1998).

Paz se aprende

Quando, em 1946, a Unesco foi fundada, seu célebre preâmbulo apontava para a relação entre paz e cultura, para a percepção de que a incompreensão entre os povos e a desconfiança entre as nações está na raiz das guerras e para a consciência da necessidade de fundar a paz num núcleo intelectual e moral. “Se as guerras nascem no espírito dos homens é no espírito dos homens que devem ser construídas as defesas da paz”, postulava. Em 1986, pesquisadores do mundo inteiro, convocados pela Unesco, lançaram o Manifesto de Sevilha, assinalando claramente sua posição contra “um certo número de presumidos descobrimentos biológicos que foram utilizados por pessoas, inclusive em nossos respectivos âmbitos, para justificar a violência e a guerra” e afirmando explicitamente “que a biologia não condena a humanidade à guerra”. Assumido posteriormente pela 25a Conferência Geral da Unesco, em 1989, tornou-se importante para elaboração do conceito de cultura de paz, ao afirmar que é “a mesma espécie que inventou a guerra, também é capaz de inventar a paz”. Suas cinco declarações assim estavam redigidas: a) é cientificamente incorreto dizer que herdamos dos nossos antepassados animais uma propensão para fazer a guerra; b) é cientificamente incorreto dizer que a guerra ou qualquer outra forma de comportamento violento está geneticamente programado na natureza humana; c) é cientificamente incorreto dizer que ao longo da evolução humana se operou uma seleção em favor do comportamento agressivo sobre outros tipos; d) é cientificamente incorreto dizer que os homens têm um cérebro violento; e) é cientificamente incorreto dizer que a guerra é um fenômeno instintivo que responde a um único móvel.

Na mesma direção contribuíram as discussões trazidas pelo Congresso Internacional Sobre A Paz na Mente dos Homens, realizado em Yamusukro, Costa do Marfim, em 1989, pelo 1o Fórum Internacional de Cultura de Paz, em 1994, em El Salvador, e pela Declaração e Plano de Ação Integrada sobre Educação para a Paz, Os Direitos Humanos e a Democracia, da 28a assembléia geral da Unesco reunida em Paris, em 1995. Defendida amplamente pelo então presidente da Unesco, o espanhol Frederico Mayor, a proposição da cultura de paz ganhou respaldo, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o ano 2000 como Ano Internacional Por Uma Cultura De Paz e a Década 2001-2010, como a Década Internacional Para Uma Cultura De Paz E Não-Violência Para As Crianças Do Mundo. Em outubro de 1999, a mesma Assembleia Geral aprovou a Declaração e Programa de Ação sobre Cultura de Paz. Neste, retomou-se o tema da paz na mente dos homens, reconhecendo que a paz requer “um processo positivo, dinâmico e participativo em que se promova o diálogo e se solucionem os conflitos com um espírito de entendimento e cooperação mútuos”. Também se definiu cultura de paz como “conjunto de valores, atitudes, comportamentos e estilos de vida”, baseados em vários aspectos, tais como: a) o respeito à vida, o fim da violência e a promoção da não violência através da educação, o diálogo e a cooperação; b) o respeito pleno dos princípios de soberania, integridade territorial e independência política dos Estados; c) o respeito pleno e a promoção de todos os direitos humanos e as liberdades fundamentais; d) o compromisso com a resolução pacífica dos conflitos; e) os esforços para satisfazer as necessidades de desenvolvimento e proteção do meio ambiente das gerações presentes; f) o respeito e a promoção do direito ao desenvolvimento; g) o respeito e o fomento da igualdade de direitos e oportunidades entre mulheres e homens; h) o respeito e o fomento do direito de todas as pessoas à liberdade de expressão, opinião e informação; i) a adesão aos princípios de liberdade, justiça, democracia, tolerância, solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade cultural, diálogo e entendimento em todos os níveis da sociedade e entre nações.

Este conceito de cultura de paz adquiriu dimensão pública, especialmente através da coleta de cerca de cem milhões de assinaturas, por ocasião do ano 2000, do Manifesto 2000 para uma Cultura de Paz e de Não Violência, um instrumento elaborado por um grupo de Prêmios Nobel da Paz, não como uma petição ou abaixo-assinado, mas como um exercício da responsabilidade individual no respeito à vida, na prática da não violência, no combate à exclusão, na defesa liberdade de expressão e a diversidade cultural, na promoção de um consumo responsável e um modelo de desenvolvimento sustentável, na participação e o respeito dos princípios democráticos, com o fim de criar, juntos, novas formas de solidariedade. René Wadlow assinala que três eventos provocaram a emergência e a elaboração do conceito de cultura de paz: a guerra Irã/Iraque, a dissolução da Iugoslávia e os massacres genocidas da Ruanda, Os três acontecimentos mostraram como as estruturas culturais das sociedades são muitas vezes mais profundas que as decisões políticas. Para este autor da educação para a paz, estes fatos, com níveis extraordinários de violência não relacionados com fins políticos, serviram para mostrar à humanidade o que está por vir, caso não for realizado um esforço real para entender como a cultura repousa no coração do conflito.

Segundo a jornalista e militante francesa, Arielle Denis, a noção de cultura de paz, embora recente, encontra uma grande aceitação devido a um série de fatores: “Trata-se, primeiro, de um conceito capaz de ressonâncias em todas as culturas humanas. Ele questiona, também, os comportamentos de cada um e de todos - indivíduos, operadores privados, instituições e coletividades -, pois aproxima a paz de um conjunto de valores e comportamentos. Enfim, a cultura de paz se apresenta como uma construção à longo prazo, na qual cada um pode participar levando em consideração as estratégias peculiares de cada sociedade, ou de cada grupo humano. Ela não faz distinção entre o que diz respeito à humanidade na sua globalidade e o que diz respeito a tal ou tal parte, mesmo que seja modesta. Filha de um desenvolvimento econômico e social endógeno e equitativo, ela deve relegar ao segundo plano as frustrações e rivalidades, e fazer prevalecer a cooperação e a solidariedade sobre as relações de força ou de competição”.

O conceito de cultura de paz possui um elemento sistêmico, indicando que o inteiro corpo social, político e econômico da sociedade deve ser reconstruído, tratando-se, portanto, de uma ampla visão de paz que abrange elementos relativos tanto aos macroprocessos da sociedade, como também relativos aos microprocessos sociais. O professor norueguês Magnus Haavelsrud é quem explicita isto amplamente ao propor uma compreensão de paz e cultura de paz tanto como estrutura como interação. Fazendo uma comparação com uma construção, onde o arranjo do edifício favorece algumas interações e torna outras difíceis ou impossível, Haavelsrud, considera uma estrutura como a presença de relativamente permanentes relações entre unidades específicas, individual e social. As unidades podem ser atores sociais individuais e em grupo, no nível microsocial, ou nações ou transnacionais organizações em nível macrosocial: “uma estrutura para a paz pode ser uma estrutura que favoreça os valores da paz, tanto aqueles que incrementam a paz negativa (ausência de violência direta) como aqueles que desenvolvem a paz negativa (justiça social)”. Por outro lado, Haavelsrud supõe que as estruturas estabelecidas através de interações podem ser mantidas ou transformadas por novas interações, de forma que uma estrutura não favorável à paz pode ser mudada por novas interações, da mesma forma que interações de paz podem acontecer em uma estrutura não favorável a ela. É o conceito de paz como interação, exemplificado pelo autor através do sindicato polonês Solidariedade, ou como a luta pela independência da Índia tal como empreendida por Gandhi. Para este autor representativo da educação para a paz, é importante considerar, num conceito de paz e cultura de paz, ambos os aspectos, o estrutural e o interacional. Em suma, Haavelsrud aplica para a cultura de paz aquilo que Boaventura de Souza Santos já concluíra para o processo de transição paradigmática: a dupla necessidade de mapas de emancipação social e subjetividades com capacidade e vontade de os usar, definidos como “uma necessidade radical”, “única maneira de delinear um trajeto progressista através da dupla transição, epistemológica e societal, que começa agora a emergir”.

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