Em homenagem à primeira leva de italianos que desembarcaram no Brasil, em 1874 trazidos pelo navio La Sofia, o país celebra no dia 21/2, o Dia Nacional do Imigrante Italiano. A data, criada pela Lei Federal 11.687, é uma referência aos laços estabelecidos entre os dois países ao longo do tempo.
Atualmente, o Brasil abriga cerca de 30 milhões de descentes de italianos, quantidade que coloca o país no topo da lista de nações com a maior quantidade de pessoas que possuem alguma ligação com o país europeu. Esse número é resultado do enorme fluxo migratório que aconteceu entre os séculos 19 e 20 e que influenciou a cultura e os costumes brasileiros.
Movimento migratório
Com o fim da escravidão, o sistema produtivo brasileiro entrou em crise. No mesmo período, a Itália passava por um processo de unificação que teve reflexos econômicos, sociais e culturais. Nesse cenário, o país sul-americano precisava mobilizar trabalhadores livres para atuar nas lavouras de café, enquanto a nação europeia enfrentava problemas com a falta de postos de trabalho.
Assim, entre 1870 e 1930, vigorou no Brasil a imigração subvencionada pelo governo com o objetivo de estimular a vinda de estrangeiros. Nesse período, cerca de sete milhões de italianos deixaram sua terra de origem em busca de uma nova vida.
No início do século 20, por exemplo, os italianos chegaram a compor mais da metade dos estrangeiros na capital paulista, sendo o Estado de São Paulo o destino mais escolhido por eles.
Núcleos coloniais
Ao desembarcarem em terras paulistas, em geral no porto de Santos, muitos imigrantes partiram rumo às fazendas do interior para trabalhar nas plantações de café. Os que optavam por ficar na cidade podiam permanecer por algum tempo na Hospedaria dos Imigrantes e depois tinham a opção de ir morar nos núcleos coloniais.
Esses núcleos eram como embriões de futuros bairros e cidades planejados, sendo parte deles destinados a estrangeiros. No Estado de São Paulo, entre 1885 e 1911, foram criados 25 núcleos coloniais em diversas regiões, sendo a boa parte implantada durante o governo de Carlos Botelho.
Em 1889, a Assembleia Provincial aprovou a Lei 101, que viabilizava o pagamento, do Estado às Câmaras Municipais e às empresas, pela fundação de núcleos coloniais.
A norma estabelecia valores a que deveriam ser transferidos de acordo com os requisitos cumpridos e determinava ainda que a criação de bairros ou cidades nesse modelo deveria acontecer próximo a rios ou linhas de trem.
Esse tipo de incentivo para os imigrantes fazia parte da política estadual e nacional de fomento à imigração, que perdurou por décadas e deixou como legado uma grande quantidade de descentes de estrangeiros, sobretudo de italianos, no Brasil.
Além do custeio de passagens, alojamento e promessa de um posto de trabalho, os governos da época também acenavam aos imigrantes com disponibilização de lotes de terra, auxílio para a compra de telhas ou animais e aumento do prazo para quitação do terreno adquirido, por exemplo.
Por que os italianos vieram para o Brasil?
Os italianos, como todos os demais imigrantes, deixaram seu país basicamente por motivos econômicos e socioculturais. A emigração, que era muito praticada na Europa, aliviava os países de pressões socioeconômicas, além de alimentá-los com um fluxo de renda vindo do exterior, em nada desprezível, pois era comum que imigrantes enviassem economias para os parentes que haviam ficado.
No caso específico da Itália, depois de um longo período de mais de 20 anos de lutas para a unificação do país, sua população, particularmente a rural e mais pobre, tinha dificuldade de sobreviver quer nas pequenas propriedades que possuía ou onde simplesmente trabalhava,quer nas cidades, para onde se deslocava em busca de trabalho.
Nessas condições, portanto, a emigração era não só estimulada pelo governo, como era, também, uma solução de sobrevivência para as famílias. Assim, é possível entender a saída de cerca de 7 milhões de italianos no período compreendido entre 1860 e 1920.
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