Tudo aquilo que foge da esfera de percepção material recai no desconhecido, no misterioso.
Apesar dos avanços científicos e tecnológicos da sociedade moderna, o homem ainda se mostra embrutecido espiritualmente e muitas vezes só consegue verificar o que é falso ou verdadeiro analisando o elemento concreto, palpável, perceptível para os sentidos do corpo.
Quase sempre encaramos as situações da vida num contexto e simplista e materialista deixando de nos colocarmos à disposição para perceber as coisas de um modo global.
O que nos parece enigmático é mais natural do que imaginamos. Shakespeare, em Hamlet, portanto, na arte que, como dizem, imita a vida, já alertava que “existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”.
Refletindo sobre essa assertiva somos solicitados a olhar para a natureza que nos cerca e nela sentirmos a presença da transcendência, do imaterial. O canto dos pássaros, o perfume das flores, a beleza do sol, dentre tantas outras obras que a natureza produz, penetram em nossos espíritos levando-nos diretamente à inteligência suprema, causa primária de todas as coisas que a tudo orienta.
Mais ainda, aspectos da natureza e do próprio indivíduo, tais como: a origem e o ajuste fino do universo; a complexidade da vida; a existência de uma lei moral objetiva e da consciência do ser humano, apontam para racional e natural conclusão acerca da existência de Deus.
Mas, se em razão do nosso desenvolvimento espiritual ainda não podemos compreender a natureza íntima de Deus, ante a obscuridade que a matéria nos causa, em suas obras nos é dada a oportunidade de senti-lo.
Se Deus não se mostra Ele se revela em suas obras “pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas...” (Romanos 1:20).
Logo, por mais rudimentar e materialista que o homem possa ser, duvidar da existência de Deus é o mesmo que negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pode fazer alguma coisa (Livro dos Espíritos, perg. 4).
Assim, a busca constante do conhecimento é e será um eterno continuun que nasceu da primeira indagação filosófica do homem sobre a natureza e depois sobre a vida, sobre ele mesmo e para onde ele vai, mas que, inevitavelmente, o conduz mais próximo desse conceito incorpóreo que é a própria transcendência, ou seja, está além do mundo material referindo-se aos fenômenos de natureza metafísica.
Mateus, num claro chamamento do homem à reflexão, já dizia “felizes aqueles que t êm ouvidos de ouvir e olhos de enxergar” incitando-nos para um despertar de consciência, de modo que a humanidade, desligando-se um pouco do material, possa favorecer seu amadurecimento espiritual propiciando que as luzes da sabedoria divina sejam irradiadas livremente para todos.
Paulo Eduardo de Barros Fonseca
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