No dia 9 de novembro de 1989, como parte do processo de desintegração da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), era colocado abaixo o muro que separava a Berlim Oriental comunista de sua homônima ocidental capitalista. Tal acontecimento, embora não englobasse toda a dimensão do processo de queda daquele regime, passou a representar para o mundo, por sua importância, a derrocada do Império comunista e o fim da guerra fria.
Ao falar-se do Muro, dois aspectos têm relevância: as razões de ter sido erguido e também e com igual importância, as razões de sua queda. O Governo soviético, à época, entendia que a única forma de os cidadãos da Berlim Oriental não serem influenciados pelo modo de vida e pelas benesses desfrutadas por seus conterrâneos de Oeste era isolá-los com um muro. O muro representava a opressão que era imposta aos alemães orientais. O muro expunha as diferenças existentes entre os dois regimes. O muro separava o desenvolvido do estagnado. O muro separava irmãos.
A queda por sua vez aconteceu como consequência direta da insustentabilidade econômica e política daquele regime num mundo já bastante globalizado. O ideal do socialismo sustentado no isolacionismo sucumbia a uma realidade que exigia um Estado competitivo e aberto ao mundo. O ideário marxista-leninista sucumbia à economia de mercado.
E o que temos com isso? Um fato de capital importância para o mundo também o foi e o é para o Brasil? Com certeza sim. A guerra fria, que ensejou a construção do Muro e buscava disseminar o comunismo pelo mundo, embora alguns neguem, colocou seus pés por aqui nos idos de 1960 e 1970, financiando e instruindo as forças que, simpatizantes do comunismo e da revolução a "la Cuba”, conduziriam, nestas terras, a luta armada. A queda do Muro de certa forma veio mostrar o equívoco da motivação daqueles que pegaram em armas para aqui implantar um modelo socialista que sucumbira.
E não é por outra razão que os simpatizantes do socialismo derrotado, hoje, na imprensa, nos governos passados e nas universidades procuram encobrir o significado deste importante evento, não noticiando, não lhe dando a devida importância ou mesmo distorcendo os fatos a ele ligados.
Neste ano um desses jornalistas engajados, como era de se esperar, ao citar a ocorrência do aniversário, trouxe à discussão a idéia de que a grande maioria das democracias surgidas após a fragmentação da antiga URSS, após 30 anos, vivem crises internas de governabilidade, dando a entender que talvez não se tenha conseguido o bem que se buscava. O que se tem a dizer sobre isso é que esses países e seus povos hoje têm o direito de viver essa turbulência política o que, em eras passadas, lhes era negado pela força do Exército Vermelho e pelo fuzilamento dos insurgentes. Afinal foi nesse modelo de “tranquilidade" que eles viveram de 1945 a 1989.
Os reais fatos ligados à derrubada do Muro de Berlim e que hoje fazem parte da história universal, não só mostram a nós brasileiros as inconsistências de um regime que inibe a iniciativa privada e cerceia as liberdades do indivíduo, mas também torna evidente, ao longo de todos esses anos da nossa história recente, o trabalho de desinformação promovido pela imprensa e pelas universidades ainda impregnadas pelo ideário daquela esquerda retrógrada e para quem o Muro ainda está de pé.
* Um cidadão brasileiro
General Eduardo Diniz