Quando ainda criança aos 12 anos, residente no bairro Sant’Ana no município de Araçatuba tive os primeiros contatos com o quartel da Polícia Militar, então Comando de Policiamento de Área do Interior - Cinco. Lembro-me que já tinha uma admiração pelo fardamento, viatura, armamento, formaturas e hinos. Passados alguns anos, quis o destino o meu ingresso na corporação por meio da Academia de Polícia Militar do Barro Branco aos 17 anos.
Tornei-me um policial militar e isso provocou uma grande mudança na minha vida, afinal estava no 1º emprego, residindo na capital do Estado, emancipado dos meus pais, estudando em uma academia militar em regime de semi-internato, e só me restava desbravar o desconhecido.
O cotidiano não era fácil, muitas regras, rigor nos horários, nas rotinas, estudo pela manhã, tarde e noite, e muita disciplina. Foram 6 (seis) longas primaveras, e aos 23 anos felizmente conclui o bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública. Nesta fase da minha vida acumulei conhecimentos profissionais e experiências, e a certeza de ter escolhido a carreira certa, cuja prática profissional resume-se em servir ao cidadão e combater a criminalidade.
Passados 33 anos de serviços prestados à sociedade paulista, tenho a percepção de que não fiz o suficiente, mas apenas assentei tijolos à edificação levantada pelos pioneiros que em 15 de dezembro de 1831, por lei da Assembleia Provincial, proposta pelo presidente da Província, Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, compuseram o Corpo de Guardas Municipais Permanentes, formado por cem praças a pé e trinta a cavalo, eram os "cento e trinta de trinta e um". Assim, fundou-se a Polícia Militar, em cumprimento ao decreto imperial baixado pelo Regente Feijó.
Soube pela história e vivência profissional que desde sua a criação, muitos Soldados anônimos fizeram a diferença nos 645 municípios paulistas, seja no policiamento Ostensivo, Ambiental, Choque, Rodoviário, Trânsito, Aéreo e Bombeiros. Homens e mulheres, que arriscam suas vidas, imbuídos da missão de servir e proteger pessoas que sequer as conhecem.
Tive a honrosa oportunidade de ombrear em batalhas com Veteranos que sempre lutaram bravamente contra o perigo, superaram desafios e obstáculos, sem esmorecerem e com isso deixaram um lídimo legado às novas gerações, sobretudo, de honra, dignidade, lealdade, coragem, profissionalismo, abnegação e amor à causa pública.
Aprendi ao me apropriar da cultura, tradições, valores e deveres que ser policial militar é algo que transcende o status de trabalho e de serviço público, e que se constitui em um ofício exercido com exclusivismo, que não nos exige as horas de trabalho prevista na lei, mas todas as horas da vida, delineando nossos destinos. Aprendi que a farda é mais que uma veste, diria uma outra pele, que adere à própria essência do ser, por muitas vezes, com o sacrifício da própria vida.
Aprendi, finalmente, no árduo trabalho de proteger as pessoas, fazer cumprir as leis, combater o crime e preservar a ordem pública, ser necessário conhecer todas as teorias, dominar todas as técnicas, mas que ao tocar uma alma humana, seja feito como apenas outra alma humana - assim ensinou Carl Jung – e para tanto, importa pensar como pessoa humana e atuar enquanto policial militar.
Por tudo isso, deixo minha humilde e respeitosa continência de felicitações aos heróis, Soldados anônimos, homens e mulheres, e a seus familiares, que neste ano escreveram mais uma página na história de 189 anos da Polícia Militar, e também de agradecimento à Deus pela Vida, pela proteção e saúde, às autoridades, aos amigos, à imprensa e a toda população paulista de 44 milhões de honradas pessoas pela confiança e reconhecimento.
Viva a Polícia Militar, a Força Pública de São Paulo.
Coronel PM Paulo Augusto Leite Motooka
Comandante do Policiamento Ambiental do Estado de São Paulo
Mestre e Doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública
Bacharel em Psicologia, Direito e Especialista em Direito Ambiental